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Elias Multiplica a Farinha e o Azeite da Viúva de Sarepta

A história em que Elias multiplica a farinha e o azeite da viúva de Sarepta está relacionada a fatos ocorridos em um tempo anterior na história do povo de Israel.

Os motivos que levaram o profeta Elias a se refugiar fora dos termos de Israel, na casa de uma viúva estrangeira, estão ligados aos acontecimentos encontrados

ainda no início da formação da monarquia israelita, na forma como Davi sucedeu Saul no comando da nação javista, bem como no meio em que Salomão escolheu para administrar as suas relações com as nações conflitantes ao redor do seu reino.

O fato é que o povo de Israel já havia sido contaminado pela idolatria trazida pelas muitas esposas estrangeiras que Salomão possuíra, na sua tentativa de alcançar a paz por meios diplomáticos.

Algo que entristeceu muito o coração Deus. Naturalmente a monarquia israelita era de orígem dualista. Havia um sentimento nacionalista muito forte na tribo de Judá que a separava do restante das outras tribos de Israel.

E esta divisão foi agravada pela sentença grave que Deus fez recair sobre Salomão, rasgando-lhe o reino unido de Israel por causa da sua idolatria.

Com a morte de Salomão e a ascensão do seu filho Roboão ao trono, este em uma disputa interna sobre os altos impostos cobrados por seu pai, nega-se a aliviar o povo de tão pesado fardo, dando início a um conflito que culmina com a separação do reino, dividindo-o em dois.

O reino de Judá, englobava Jerusalém onde estava o templo, local central da religião judaica, o que conservou até certo ponto o contato do seu povo com a espiritualidade do Deus de Abraão.

Porém no reino do Norte de Israel, se foi proibído por Jeroboão, seu rei, de que o povo descesse à Jerusalém para adorar. Isto causou um “vácuo” espiritual muito grande em Israel (reino do norte a este ponto).

De forma que o povo que já tinha sido, em certo nível contaminado pela adoração aos deuses fenícios (desde o tratado de Salomão com o rei de Sidom para fornecer o cedro do líbano para a construção do templo em Jerusalém), se entregam de forma generalizada à idolatria.

E os reis do reino do norte de Israel, que se sucedem, fazem o que era mau aos olhos divinos. E o texto bíblico em 1 Reis 16:30 fala que o rei Acabe conseguiu ainda ser pior, mais do que todos os seus antecessores, em idolatria, casando-se com a filha de um dos reis da Fenícia, uma nação que adorava a baal.

“E fez Acabe, filho de Onri, o que era mau aos olhos do SENHOR, mais do que todos os que foram antes dele.” 1 Reis 16:30

E sucedeu que (como se fora pouco andar nos pecados de Jeroboão, filho de Nebate) ainda tomou por mulher a Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios; e foi e serviu a Baal, e o adorou.” 1 Reis 16:31

O Profeta Elias

E neste vácuo espiritual, com consequente decadência moral, Deus levanta a seu favor o profeta Elias, em um tempo em que o povo de Israel(que constituía o reino do norte), não podia ir a Jerusalém, nem podia ir ao templo para aprender sobre as coisas de Deus nem sobre a sua palavra.

De forma que Elias foi chamado a representar o templo de Deus para aquela nação. Elias representava a voz de Deus, os seus ensinamentos. Elias representava a misericórdia de Deus em busca da salvação das ovelhas perdidas da casa de Israel, que estavam dispersas, sem pastor, pelos caminhos da idolatria.

Elias foi ungido e passava a ter a representatividade da presença de Deus, que não havia abandonado o seu juramento feito uma vez no passado a Abraão, Isaque e Jacó.

Quem era Jezabel

Acabe, rei de Israel em aproximadamente 988 antes de Cristo, casou-se com Jezabel (no original seria Abizebel, que significa ‘meu pai baal é nobre’). Ela era uma princesa e sacerdotisa de baal, filha do rei de Sidom, que também era sacerdote de rimom.

Baal, hadade ou rimom (do hebraico ba’al), que significa ‘proprietário’, era um deus pagão das tempestades, relacionado as poderosas forças da natureza, inclusive conhecido como ‘aquele que fazia trovejar, que fazia chover’. Era adorado por todo oriente antigo em associação com a deusa da fertilidade Asera (‘aquela que fazia crescer as sementes’).

A adoração à estas divindades envolvia automutilação, para tornar suas orações mais poderosas, bem como prostituição e sacrifício de crianças. O casamento de Acabe com Jezabel teve consequências desastrosas.

Acabe seguiu o nível mais baixo de degradação espiritual, se curvando e adorando a estes deuses pagãos, além de instituir o culto a estas divindades como a religião oficial de Israel, atraindo a rejeição total do Deus vivo.

E é neste contexto de grande degeneração israelita que surge o profeta Elias. Para provar àquela nação que somente Deus é o Senhor, Elias desafia o controle do deus que “fazia chover”, a quem foram erguidos diversos ídolos.

“Então Elias, o tisbita, dos moradores de Gileade, disse a Acabe: Vive o SENHOR Deus de Israel, perante cuja face estou, que nestes anos nem orvalho nem chuva haverá, senão segundo a minha palavra.” 1 Reis 17:1

Elias é Alimentado por Corvos

Logo o profeta Elias seria conhecido como o “perturbador de Israel”, pois os céus se fecharam e a época de chuva, que começava no início de outubro, se converteu em uma terrível seca, trazendo fome a toda aquela terra.

Elias passou a ser procurado pelo exército de Acabe, que possuía a maior parte dos mil e quatrocentos carros de combate adquiridos anteriormente por Salomão. Era uma poderoso exército que havia derrotado o rei sírio Hadade, onde foram mortos mais de cem mil homens sírios.

Mas Deus entrou com um livramento para Elias e o fez seguir na direção do ribeiro de Querite, que era um filamento de água que tinha sua nascente nos montes de Efraim, e ficava na transjordânia, próximo a Salim, a alguns quilômetros da cidade de Péla (na Decápolis do tempo de Jesus).

Hoje chamado em árabe de el-Yabis, o ribeiro de Querite está localizado atualmente no reino hashimita da Jordânia. Lá, o Senhor sustentou milagrosamente a Elias através de corvos que traziam carne e pão de manhã e a noite.

“E os corvos lhe traziam pão e carne pela manhã; como também pão e carne à noite; e bebia do ribeiro.” 1 Reis 17:6

Elias Vai Para a Cidade de Sarepta

Porém, a medida que o solo ficava cada vez mais árido, as fontes e os rios secavam, fazendo com que houvesse uma grande busca por água naquela região. Elias precisava de um novo local, tanto para se esconder dos soldados de Acabe, como para conseguir água para beber.

O Senhor novamente em seu livramento, o conduz para a cidade de Sarepta, onde havia preparado o coração de uma viúva para que cresse na sua palavra e oferecesse abrigo ao profeta.

Sarepta era uma cidade fenícia que ficava a 34km ao norte de Tiro, junto à costa do mar Mediterrâneo. Esta cidade foi reconhecida no distrito de libanês de Sarafand, a cerca de 150 quilômetros de Querite, onde Elias estava.

Sarepta era famosa por suas casas de fundição, que inovavam ao fazer utensílios de vidro, substituindo a madeira, a pedra e o metal que eram mais usualmente utilizados. Eram produzidos também nesta cidade, vários tipos de corantes, usados para tingir tecidos de todos os tipos.

O interessante da ida de Elias para Sarepta, é que ela estava sob o alcance de Acabe também, pois era governada pelo pai de Jezabel. O normal seria que Elias buscasse se refugiar em um local governado pelos inimigos de Acabe, como fez Davi no passado, se abrigando com os filisteus.

“Disse, porém, Davi no seu coração: Ora, algum dia ainda perecerei pela mão de Saul; não há coisa melhor para mim do que escapar apressadamente para a terra dos filisteus, para que Saul perca a esperança de mim,” 1 Samuel 27:1

Mas Deus opera um grande milagre aqui, pois Elias não foi protegido por exército algum, senão na casa de uma pobre viúva. Em tempos de fome e dificuldades, as viúvas eram as primeiras a sofrer. Elias encontra esta mulher em uma situação miserável. Mas Deus usa as pequenas coisas para confundir as grandes.

“A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo.” 2 Coríntios 12:9

Não existia naquele tempo algo mais frágil e dependente do que uma viúva, mas assim o Senhor livrou a Elias das mãos de um grande e numeroso exército. Muitos buscariam apoio em armas e soldados, porém o profeta preferiu confiar no Senhor.

Elias e a Viúva de Sarepta

Deus já havia preparado o coração daquela simples mulher, e um coração contrito, cheio de fé é o combustível que alimenta o fogo para a operação do poder de Deus. Elias chega cansado de uma viagem de 150Km desde Querite e vê esta viúva, na porta da cidade apanhando alguns gravetos.

“Então ele se levantou, e foi a Sarepta; e, chegando à porta da cidade, eis que estava ali uma mulher viúva apanhando lenha; e ele a chamou, e lhe disse: Traze-me, peço-te, num vaso um pouco de água que beba.” 1 Reis 17:10

As entradas das cidades eram locais de intenso comércio na época, e ficavam repletas de comerciantes. E o texto nos revela a devastação que a seca havia provocado naquela região, pois não havia praticamente mais nada na cidade de Sarepta.

“E, indo ela a trazê-la, ele a chamou e lhe disse: Traze-me agora também um bocado de pão na tua mão.” 1 Reis 17:11

A resposta da viúva a Elias, mostra a grave e desesperadora situação em que esta mulher estava. Faria uma última refeição antes de morrer juntamente com seu filho. E o profeta a submete a uma prova de fé, pedindo que ela dividisse o pouquinho de alimento que possuía, com ele.

“Porém ela disse: Vive o SENHOR teu Deus, que nem um bolo tenho, senão somente um punhado de farinha numa panela, e um pouco de azeite numa botija; e vês aqui apanhei dois cavacos, e vou prepará-lo para mim e para o meu filho, para que o comamos, e morramos.” 1 Reis 17:12

Pela lógica, a viúva de Sarepta não atenderia ao pedido do homem de Deus. Ela porém deixa o seu instinto protetor de mãe e crê na palavra do Senhor, que encontrou terreno fértil no seu coração, apesar da seca que castigava tudo ao redor de si.

Em momentos de Seca, é preciso ter fé.

Ela escolheu crer e confiar em Deus, e a sua fé foi honrada. Através da palavra de Elias, a farinha não se acabou e o azeite da botija não faltou até que passasse o período da seca. Um grande milagre alcançado pela fé, pela lei da hospitalidade, pelo compartilhar do pão com o profeta e irmão Elias.

E a viúva de Sarepta compartilhou ainda mais da benção do Senhor, com toda a sua casa, isto é, com a sua família.

“E ela foi e fez conforme a palavra de Elias; e assim comeu ela, e ele, e a sua casa muitos dias.” 1 Reis 17:15

“Da panela a farinha não se acabou, e da botija o azeite não faltou; conforme a palavra do SENHOR, que ele falara pelo ministério de Elias.” 1 Reis 17:16

Quantas vezes olhamos as coisas grandes e desprezamos as pequenas, porém pelas pequenas coisas Deus pode nos projetar a situações de grandes vitórias.

Mesmo que o mundo esteja em um período de seca espiritual, precisamos crer que a benção de Deus pode surgir de locais onde jamais imaginaríamos que pudessem ser.

Em Jesus, o alimento não depende das intempéries deste mundo. Pois Ele mesmo possui a água do Espírito Santo, águas tranquilas. Ele é a porta que conduz a pastos verdejantes, onde encontramos o alimento espiritual que necessitamos.

A história em que Elias multiplica a farinha e o azeite da viúva de Sarepta está relacionada a fatos ocorridos em um tempo anterior na história do povo de Israel. Os motivos que levaram o profeta Elias a se refugiar fora dos termos de Israel, na casa de uma viúva estrangeira, estão ligados aos acontecimentos encontrados ainda no início da formação da monarquia israelita, na forma como Davi sucedeu Saul no comando da nação javista, bem como no meio em que Salomão escolheu para administrar as suas relações com as nações conflitantes ao redor do seu reino. O fato é…

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