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Adão e Eva e as Roupas da Salvação

Logo após o pecado do homem no Éden, Adão e Eva se encontram expostos, vulneráveis, humilhados e nus.

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“Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus;” Gênesis 3:7

E eles tentam cobrir-se, pegam folhas de figueira e fazem uma cobertura primitiva.

“e coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais.” Gênesis 3:7

A diferença é dramática. Adão e Eva encontram algumas folhas finas de figueira e fazem um tipo muito fraco e primitivo de cobertura, para esconder a sua nudez, enquanto que Deus providencia vestimentas “ideais”, feitas de couro, pele de animais, que são capazes de protegê-los do frio e das intempéries.

Enquanto que o homem buscava apenas uma forma de esconder o seu estado nu, Deus o fornece roupas decentes. Enquanto que o homem só não queria estar nu em público, Deus age de forma gentil.

Apesar da desobediência e da alienação resultante do pecado, Deus age com ternura e cuidado para com o primeiro casal humano. Deus os veste, os protege, Ele cuida do homem, ainda que pecador.

Hoje há todo um mundo de vestimentas e roupas, mas tudo começou com folhas de figueira. Foi por causa do comer do fruto proibido que o homem e a mulher tomaram consciência da sua nudez. Mas qual seria a natureza dessa nudez? Física ou espiritual?

Era de se esperar que o pecado trouxesse consequências espirituais, entretanto, vemos que adão e Eva respondem imediatamente no nível físico. Eles tentam cobrir seus corpos que tinham se tornados vulneráveis; eles ficam envergonhados e humilhados.

Mas e sobre as suas almas? Eles buscaram cobertura, vestimentas espirituais? Com certeza suas almas haviam sido impactadas, feridas e manchadas pelo pecado. Qual foi a reação deles?

Falando sobre esse assunto, o rabino Soloveitchik cita o seguinte texto:

“Regozijar-me-ei muito no Senhor, a minha alma se alegrará no meu Deus; porque me vestiu de roupas de salvação, cobriu-me com o manto de justiça, como um noivo se adorna com turbante sacerdotal, e como a noiva que se enfeita com as suas jóias.” Isaías 61:10

Quando Adão e Eva pecam, eles perdem a roupa da salvação. O resultado é a perda da proteção divina, e do senso de proximidade e intimidade com o Criador. É a partir da aí que eles se sentem nus. A reação deles foi de cobrir seus corpos.

Aparentemente eles não se deram conta da vergonhosa nudez em que estavam as suas almas. No lugar da “roupa da salvação”, que havia se dissipado, eles tentam fazer pra si mesmos uma espécie de cobertura que não era suficiente para esconder a sua vergonha.

Deus entra na história e lhes faz uma nova roupa, matando um animal, derramando sangue de um inocente, para que pudesse cobrir o pecado do homem.

“Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu;” Apocalipse 3:17

E nós temos este mesmo senso de cobrir, de “criar roupas” e estereótipos, em uma tentativa vã de vestir as nossas próprias almas, geralmente por meio de práticas puramente religiosas. Mas só há uma roupa capaz de nos cobrir, e é “de cor vermelha como o carmesim”.

Frequentemente nós queremos cobrir a nossa nudez espiritual, por meio de “penitências”, castigos auto impostos. O que é difícil é aceitar que o sangue do cordeiro foi derramado para destruir a nudez que foi iniciada lá no Éden.

Uma vez lavados nesse sangue, ocorre uma espécie de alquimia celestial, pois somos vestidos com tão brancas roupas, que passam a emitir luz, a luz primordial, que estava no princípio, e que um dia encarnou para ser a luz do mundo.

Vestimentas de Luz?

Há uma tradição muito interessante, encontrada na Midrash:

“E fez o Senhor Deus a Adão e à sua mulher túnicas de peles, e os vestiu.” Gênesis 3:21

Na Torá do rabino Meir, foi encontrado escrito “túnicas de luz”. Embora no texto original esteja escrito ´or עור significando pele ou couro, há uma semelhança notável com a palavra ohr אור “luz”.

E a Midrash usa esse paralelismo para ampliar o significado das roupas feitas por Deus, que foram dadas ao homem e a mulher após terem pecado no princípio.

O comentarista Rabbeinu Bahya, concorda que a Peshat – o sentido literal do texto – é que Deus fez roupas que traziam dignidade ao casal pecador.

Entretanto, de acordo com o entendimento de Bahya sobre a Midrash, estas eram como se fossem vestimentas de luz, especificamente a luz fundamental, que foi o primeiro ato da criação por Deus – “haja luz” – a luz que existia antes do sol e da lua.

Rabbeinu Bahya explica que como cada peça de roupa reflete a arte de quem a criou, esta vestimenta, feita por Deus, também refletia o divino. A intenção do Criador era de que o homem vivesse eternamente. Se não tivesse desobedecido a Deus, o homem seria imortal, como os anjos.

Comer da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal trouxe a morte, a perda da imortalidade, mas as roupas feitas por Deus simbolizavam uma esperança, a promessa de que a vida eterna seria restabelecida no futuro, mas não sem antes ser pago o preço pela redenção.

Bahya também sugere que o homem não tinha consciência da sua nudez no princípio, porque estava envolvido em uma espécie de vestimenta semelhante a que envolveu Moisés no Sinai, e que foi perdida com o pecado.

Quando Moisés desceu do monte pela segunda vez, a Torá descreve uma cena singular:

“E aconteceu que, descendo Moisés do monte Sinai trazia as duas tábuas do testemunho em suas mãos, sim, quando desceu do monte, Moisés não sabia que a pele do seu rosto resplandecia, depois que falara com ele.” Êxodo 34:29

Rabbeinu Bahya está aqui sugerindo que algumas vezes, as palavras ´or “pele”, e ohr “luz”, podem ser conectadas. Esta é a significância do brilho da pele do rosto de Moisés.

A proximidade e a intimidade que Moisés teve com Deus suscitou nele a luz primordial, a luz que vestia o homem e a mulher no princípio, a luz da salvação, aquela mesma que o nosso Mestre veio restaurar.

“Falou-lhes, pois, Jesus outra vez, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida.” João 8:12

Moisés pôde experimentar as roupas da salvação, sendo envolvido com a Shekhinah (a divina presença), a proteção espiritual que estava em Adão e Eva antes de terem pecado, vestidos de luz e verdade. Mas o homem pecou, perdeu a preciosa luz, ficando na escuridão deformadora do pecado.

Vivendo o mundo pós-pecado, nós precisamos encontrar as vestimentas de luz e verdade para nossas almas. Em sua misericórdia, Deus olhou para o homem com amor, e lhe fez uma vestimenta nova.

Ao derramar o sangue de um animal inocente para vestir o homem, já apontava para o sacrifício vicário de Jesus, que derramou seu sangue inocente, para nos vestir novamente com a verdadeira luz da salvação.

Por isso nossas almas se regozijam muitíssimo no Senhor, pois não fomos abandonados, Ele nos veste com as roupas da salvação, cobriu de uma vez por todas a nudez do pecado, nos fez íntimos, filhos de Deus outra vez.

Logo após o pecado do homem no Éden, Adão e Eva se encontram expostos, vulneráveis, humilhados e nus. “Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus;” Gênesis 3:7 E eles tentam cobrir-se, pegam folhas de figueira e fazem uma cobertura primitiva. “e coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais.” Gênesis 3:7 A diferença é dramática. Adão e Eva encontram algumas folhas finas de figueira e fazem um tipo muito fraco e primitivo de cobertura, para esconder a sua nudez, enquanto que Deus providencia vestimentas “ideais”, feitas de couro, pele de animais, que são capazes…

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