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O Maná no Deserto

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Após terem visto e presenciado todos os milagres que Deus havia realizado pela sua libertação do Egito, os filhos de Jacó murmuram contra o Senhor, e por causa de comida reclamam com Moisés.

“E os filhos de Israel disseram-lhes: Quem dera tivéssemos morrido por mão do Senhor na terra do Egito, quando estávamos sentados junto às panelas de carne, quando comíamos pão até fartar!

Porque nos tendes trazido a este deserto, para matardes de fome a toda esta multidão.” Êxodo 16:3

Em resposta à reclamação dos Israelitas, Deus anuncia com mão poderosa a providência que sustentaria toda a nação durante o tempo em que peregrinavam pelo deserto:

“Então disse o Senhor a Moisés: Eis que vos farei chover pão dos céus, e o povo sairá, e colherá diariamente a porção para cada dia, para que eu o prove se anda em minha lei ou não.” Êxodo 16:4

Sobre este mesmo tema, há um texto muito semelhante no livro de Devarim, Deuteronômio, quando Moisés relembra ao povo da sua jornada no deserto.

“E te lembrarás de todo o caminho, pelo qual o Senhor teu Deus te guiou no deserto estes quarenta anos, para te humilhar, e te provar, para saber o que estava no teu coração, se guardarias os seus mandamentos, ou não.

E te humilhou, e te deixou ter fome, e te sustentou com o maná, que tu não conheceste, nem teus pais o conheceram; para te dar a entender que o homem não viverá só de pão, mas de tudo o que sai da boca do Senhor viverá o homem.” Deuteronômio 8:2-3

E observando estes dois textos, que tratam da mesma passagem, sobre o מָן maná, percebemos que este grande milagre está intimamente associado com a palavra “provação”. Porque Deus associaria o maná com testes, provas e aflições?

Qual seria a natureza do teste aplicado por Deus através do meio de sustento diário que Ele enviava ao Seu povo? Certamente isto se constituía mais em bondade do que em uma provação!

Rashi (um dos maiores intérpretes do Antigo Testamento), não conseguindo compreender em sua totalidade o teste que havia no episódio do maná, afirmou em seus estudos que Deus garantia o sustento milagroso para os Israelitas, e que os testaria por meio da obervação dos mandamentos relacionados com este alimento.

Esses mandamentos incluíam a ordenança para recolher somente a quantidade necessária para cada dia, e a proibição de se recolher o maná no sábado, e a diretiva para que a porção da sexta-feira fosse colhida em dobro.

Outros estudiosos da Torá não concordaram com Rashi, e consideravam que existia algo muito mais complexo relacionado à provação e a aflição do maná. Maimônides (filósofo Judeu de grande destaque no estudo do Antigo Testamento), afirmava que “o maná, em si mesmo, foi um teste para o povo”.

Embora o texto bíblico parece dar suporte de que o maná foi um teste para o povo Hebreu, ainda assim a pergunta continua: Qual seria o teste que havia neste alimento milagroso?

Os estudiosos nos trazem três abordagens. Cada uma delas carrega lições que se movem para muito além do fenômeno específico e físico do maná.

  • 1. Deus testou e desenvolveu a fé do Seu povo, privando-os das formas usuais de sobrevivência e sustento.

Maimônides, entre outros, defendia esta interpretação.

“Deus poderia facilmente os ter levado pelas cidades vizinhas. Mas ao contrário, Ele escolheu levá-los por meio do deserto, cheio de cobras, serpentes e escorpiões, onde o único tipo de pão descia do céu a cada dia.”

E: “Isto foi um teste muito grande para o povo: Não ter outra opção, a não ser entrar num enorme deserto… não ter outro tipo de sustento, a não ser o maná que literalmente chovia do céu diariamente…

E eles fizeram isso em obediência aos mandamentos divinos… A partir disso, Deus saberia se eles obedeceriam a Sua palavra”

Por essa abordagem, Maimônides afirmava que “Deus testa o homem para revelar o potencial do próprio ser humano.” Através da provação do maná, restringindo dramaticamente o sustento dos Israelitas, Deus estimula e revela o potencial que eles possuíam para a fé.

E a fé uma vez gerada, iria sustentá-los não apenas durante os anos do deserto, mas por toda vida e tempos da história.

  • 2. Através do maná, Deus confronta o Seu povo com os excessivos desafios que advém de uma vida de “facilidades”. Muito além de ser apenas um teste de privação, o maná, na verdade, se constituía em um nissayon ha’osher, uma prova de riqueza e plenitude.

“Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer necessidade.” Filipenses 4:12

O comentarista da Torá, Ohr Hachaim, nota que o fenômeno do maná fez com que os Israelitas tivessem muito tempo livre, e por isso Deus disse: “para que eu o prove se anda em minha lei ou não.” Êxodo 16:4. Será que eles usariam o tempo livre para aprender os caminhos do Senhor?

Sforno sugeria que Deus queria determinar se os Israelitas seguiriam a Sua palavra quando eles eram sustentados “sem necessidade de labor”. O homem tem a tendência de buscar a Deus em tempos de dificuldades, mas também tende a ignorá-lo em tempos de fartura.

No Egito, em tempos de escravidão, eles clamaram ao Senhor que ouviu o seu choro e enviou Moisés a libertá-los. Agora, com tamanha providência, chovendo pão do céu, será que eles continuariam a buscar ao Senhor?

  • 3. Enquanto que os Israelitas, no deserto, marchavam em direção a sua independência como nação, o maná os sensibilizava de sua dependência de Deus. Esta mensagem, notadamente incorporada no milagre do maná, é refletida em uma notória conversa registrada no Talmude:

“Os alunos do Rabino Shimon bar Yochai perguntaram:

“Porque o maná não descia uma vez por ano para o Israelitas?” O Rabino Shimon respondeu:”Para que os filhos de Jacó se preocupassem – Será que o maná descerá amanhã?… Assim, a cada dia eles voltavam os seus pensamentos para o Pai que está nos Céus”

Sem dúvida o maná nos traz uma mensagem, uma lição crucial para o nosso crescimento espiritual, pois seja no deserto ou em uma cidade altamente urbanizada e populosa, nós somos dependentes de Deus para o nosso sustento de cada dia, seja ele físico ou espiritual.

“Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome… O pão nosso de cada dia nos dá hoje;” Mateus 6:9-11

Após terem visto e presenciado todos os milagres que Deus havia realizado pela sua libertação do Egito, os filhos de Jacó murmuram contra o Senhor, e por causa de comida reclamam com Moisés. "E os filhos de Israel disseram-lhes: Quem dera tivéssemos morrido por mão do Senhor na terra do Egito, quando estávamos sentados junto às panelas de carne, quando comíamos pão até fartar! Porque nos tendes trazido a este deserto, para matardes de fome a toda esta multidão." Êxodo 16:3 Em resposta à reclamação dos Israelitas, Deus anuncia com mão poderosa a providência que sustentaria toda a nação durante…

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