Home / Conhecendo a Bíblia / Elias e os Profetas de Baal no Monte Carmelo

Elias e os Profetas de Baal no Monte Carmelo

Cume do monte Carmelo, 600 metros de altura. Ouve-se como um trovão, a voz contundente do servo do Senhor. Um sério desafio é lançado.

“Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o SENHOR é Deus, segui-o, e se Baal, segui-o”.

De um lado, quatrocentos e cinquenta profetas de baal e mais quatrocentos da divindade pagã asera, estremecem.

Do outro lado, Elias cheio do Espírito Santo, proclama que o tempo do arrependimento é chegado. No meio está o povo de Israel, confuso e nada responde.

Após mais de três anos sem chover, em meio a seca devastadora que provocou uma fome jamais vista no reino do norte de Israel, e sob o comando do rei Acabe, com a convocação do profeta Elias, todo povo é congregado no monte Carmelo para este grande duelo.

Somente um restaria vencedor, ao qual seria dado todo reconhecimento e toda a honra como o verdadeiro e único Deus: Yahweh (Javé) ou baal.

Se baal (‘o deus que fazia chover’) não podia responder aos pedidos de chuva, coisa que seus sacerdotes durante quase quatro anos suplicaram, talvez respondesse, então, ao chamado para fazer descer fogo dos céus.

O Monte Carmelo

O Carmelo formava uma cordilheira com 30 km de comprimento, onde sua largura variava entre 5 e 13km, indo da costa do mar mediterrâneo em direção a sudeste do território de Israel. Seu ponto mais elevado chegava a 600m de altura, local do duelo de Elias.

No lado norte do Carmelo, encontramos o rio Quisom, onde Elias destruiu os profetas de baal. Deste monte é possível avistar as planícies de Esdraelom e de Sarom. Há também inúmeras cavernas no Carmelo que parecem ter sido habitadas. A mais famosa é conhecida como a ‘Gruta de Elias’, atualmente um santuário muçulmano.

Parte da cidade costeira de haifa localiza-se sobre o Carmelo.

Os Profetas de Baal

Não era só o povo de Israel que possuía um sistema religioso liderado por sacerdotes e profetas. Quase todas as nações em volta tinham seus líderes religiosos, magos, sábios e xamãs.

E estes “profetas” viviam às custas da riqueza do reino onde se encontravam. Vários historiadores relatam a imensa riqueza e poder que estes religiosos pagãos desfrutavam no Egito. Eles demandavam enormes quantias de dinheiro, ouro e prata para performarem seus cultos às divindades.

Os profetas de baal, comiam da mesa de Jezabel, tinham status nobre no reino, faziam parte da elite da sociedade israelita da época, gastavam vultosas somas de recursos do governo para construir templos grandiosos dedicados aos seus ídolos fenícios.

E perseguiam os verdadeiros profetas do Senhor, impondo-lhes a espada, matando todos aqueles que não conseguiam fugir.

Os cultos às divindades eram verdadeiros espetáculos performáticos de danças místicas, transes religiosos, lascívia, prostituição e permissividade, chegando ao ponto de se cortarem com metais ou pedras afiadas, derramando seu próprio sangue.

Havia ainda apresentação de oferendas aos deuses pagãos, e com certa frequência, matavam e ofereciam crianças como sacrifício.

O Desafio de Elias aos Profetas de Baal e Asera

Todo esse sincretismo religioso em muito havia afetado a Israel, ceifando muitas vidas, seja pela espada dos profetas de baal, seja pela seca ou pela fome naquela terra.

E povo de Deus, que havia sido levado à ruína pela adoração a baal, introduzida por Jezabel e seus profetas, é convocado a largar a idolatria, o sincretismo, e voltar ao primeiro amor, ao caminho reto trilhado por seus antepassados.

E o desafio foi lançado. Os quatrocentos e cinquenta profetas de baal, mais os quatrocentos profetas de Asera iniciaram as suas danças, com gritos, berros e gemidos, fazendo muito barulho, porém não havia nada espiritual no seu misticismo.

Eles se cortavam, se mutilavam, derramavam seu próprio sangue, em uma tentativa de autojustificação, de auto-remissão, porém o homem não tem o poder de justificar a si mesmo, nem de redimir os seus próprios pecados.

Elias sabia bem disso, que era necessário o derramamento do sangue de um inocente, que pagasse pelos pecados do povo, algo que já apontava para o sacrifício vicário de Jesus.

“E quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e sem derramamento de sangue não há remissão.” Hebreus 9:22

Elias Restaura o Altar do Senhor

Elias [do hebraico eliyahu ‘meu Deus é Javé’] que exerceu grande parte do seu ministério durante o reinado de Acabe, século nove antes de Cristo, em seu grande desafio a baal e asera, reparou um altar que havia sido utilizado pelo verdadeiro povo de Deus, muitos anos antes do povo se tornar idólatra.

O altar era o lugar do sacrifício, ato principal do culto ao Senhor, e a palavra holocausto [do hebraico olah, que significa ‘subir’], tinha a característica da vítima ser totalmente queimada, não sobrando nada para o ofertante, nem para o sacerdote.

Elias não teve contato com o altar de baal, antes simbolizou a necessidade de que Israel voltasse ao verdadeiro Deus.

E os profetas de baal clamaram pela divindade pagã até quase o horário do sacrifício da tarde, que era continuamente oferecido no templo em Jerusalém. O sacrifício da tarde iniciava-se à hora nona (às quinze horas, mesmo horário da morte de Jesus na cruz), e era um ritual longo, que durava até o pôr do sol.

“Um cordeiro oferecerás pela manhã, e o outro cordeiro oferecerás à tarde.” Êxodo 29:39

Elias toma doze pedras para edificar o altar ao Senhor, à semelhança da aliança feita por Deus e as doze tribos de Israel. Embora o reino estivesse divido, o Senhor enxergava o seu povo como um só rebanho.

As pedras que eram utilizadas para se fazer o altar ao Senhor não poderiam ser extraídas das rochas com instrumentos de ferro, pois o altar falava de remissão e perdão, ao tanto que o ferro representava a punição dura e fria.

“E ali edificarás um altar ao SENHOR teu Deus, um altar de pedras; não alçarás instrumento de ferro sobre elas.” Deuteronômio 27:5

As doze pedras, número das tribos de Israel, apontavam para a aliança e a promessa de Deus para com seu povo. O Senhor não havia se esquecido de Israel, antes buscava resgatar os seus filhos, como um pai amoroso, como um pastor em busca de suas ovelhas perdidas.

Ele permanecia fiel às suas promessas, ainda que o povo andasse em infidelidade, adorando a deuses estranhos, porém o Senhor em sua infinita graça e misericórdia apregoava através de Elias a necessidade urgente de arrependimento e de um novo pacto.

E Elias mandou que enchessem quatro cântaros, e que se derramasse sobre o altar três vezes. Cada cântaro continha cerca de 12,5 litros de água, elemento que simbolizava a lavagem dos pecados, assim como o fogo falava da purificação.

Elias Oferece um Sacrifício Pelo Povo

No holocausto, a vítima era degolada pelo ofertante fora do altar e em seguida esquartejada. As suas partes eram colocadas sobre o altar.

Havia diversos tipos de sacrifícios na época, dentre eles os sacrifícios de comunhão, que envolviam o sacrifício de louvor [do hebraico todah]; o sacrifício espontâneo [do hebraico nedabah] e o sacrifício relacionado a um voto [do hebraico neder].

O traço característico é que nesses tipos de sacrifícios, a carne do animal era repartida entre Deus, o sacerdote e o ofertante.

Mas o texto indica que Elias oferecia um outro tipo de holocausto, o sacrifício expiatório pelo pecado [do hebraico hatta’t] e pela reparação [do hebraico asam].

No sacrifício pelo pecado de uma pessoa, apenas uma ovelha já serviria para ser oferecida, porém era necessário um animal maior no caso de se tratar da reparação dos erros de uma nação inteira. Assim Elias utiliza um bezerro.

E como está escrito, ‘sem derramamento de sangue não há perdão’, tudo é queimado sobre o altar, ninguém podia ficar com qualquer parte deste tipo de sacrifício, nem o sacerdote, pois o fogo do Senhor consumia tudo, deixando somente cinzas.

Longe de fazer qualquer tipo de espetáculo, Elias ora ao Senhor e clama por sua misericórdia, e invoca a sua graça fazendo menção da aliança eterna entre Deus e o seu povo, o qual Ele mesmo havia jurado, que separaria uma povo para si, zeloso, fiel e de boas obras.

E ao término da oração de Elias, Deus envia o seu fogo santo, que consome toda a carne da vítima, e também a água e consome também as pedras que representavam a aliança das doze tribos de Israel, em uma linda simbologia de que o Senhor renovava a sua aliança com seu povo.

E os purificava de todo o pecado e de toda mácula.

“Então caiu fogo do SENHOR, e consumiu o holocausto, e a lenha, e as pedras, e o pó, e ainda lambeu a água que estava no rego.” 1 Reis 18:38

Este era o fogo da purificação, que ardia em fé de que brevemente o Senhor proveria para si um holocausto eterno, oferecido de uma vez por todas, para a lavagem, a remissão e o resgate da humanidade.

Elias propôs este tipo de holocausto porque o povo precisava de um concerto, arrependimento e perdão dos seus pecados. Deus respondeu com fogo, pois somente o Senhor pode perdoar pecados e limpar de toda impureza.

Ninguém pôde ficar calado, todos reconheceram a soberania do Rei dos Reis e Senhor dos Senhores.

“O que vendo todo o povo, caíram sobre os seus rostos, e disseram: Só o SENHOR é Deus! Só o SENHOR é Deus!” 1 Reis 18:39

Voltar ao Primeiro Amor

E são tantos “profetas de baal” hoje em dia. São tantos apelos, convites fáceis para caminhos diversos que levam a perdição. Quantas vezes não somos seduzidos por estas ofertas chamativas e atraentes, que parecem até fazer sentido, mas são pecaminosas no final.

E quando percebemos caímos presos nestas armadilhas espirituais, mas não sem dar vazão aos nossos próprios desejos. E é tão difícil levantar, sair do erro, negar a si mesmo. O que fazer? Por onde começar?

A restauração do altar [do hebraico mizbeah, ‘imolar’] falava da reparação das nossas atitudes, de uma mudança, de nova prática de vida onde a vontade de Deus pudesse reinar em nós.

O altar é o nosso coração.

Semelhantemente é preciso endireitar os nossos caminhos, e consertar o altar do Senhor, o nosso coração, por uma transformação interior, pela renovação do entendimento sobre o perdão a fé e o sacrifício vicário de Jesus.

O altar de Elias falava de remissão, do retorno.

É necessário voltar ao caminho, ao ponto onde tudo se perdeu, recomeçar tudo outra vez e rever valores e conceitos, reconstuir uma relação não apenas entre servos e seu Senhor, mas como afirmou Jesus, ter uma profunda comunhão de amizade com Deus, entendendo-o como um Pai que deseja estar à mesa com seus filhos.

E comprender que Ele mesmo se fez em sacrifício por nós, oferecendo a sua própria carne para ser consumida por amor de nós. Quando assim compreendemos, pacificamos o nosso ser e podemos reunir forças com o seu Espírito, para recomeçar e voltar ao primeiro amor.

“Mas agora, assim diz o SENHOR que te criou, ó Jacó, e que te formou, ó Israel: Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu.” Isaías 43:1

Cume do monte Carmelo, 600 metros de altura. Ouve-se como um trovão, a voz contundente do servo do Senhor. Um sério desafio é lançado. "Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o SENHOR é Deus, segui-o, e se Baal, segui-o". De um lado, quatrocentos e cinquenta profetas de baal e mais quatrocentos da divindade pagã asera, estremecem. Do outro lado, Elias cheio do Espírito Santo, proclama que o tempo do arrependimento é chegado. No meio está o povo de Israel, confuso e nada responde. Após mais de três anos sem chover, em meio a seca devastadora que provocou uma fome…

Review Overview

User Rating: 5.76 ( 157 votes)

About Equipe Biblianaweb

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *

*